Viagem de carro de Foz do Iguaçu ao Norte da Argentina com cachorro
* Por Adriana e Inácio do perfil @preferimosviajar no Instagram
Esse relato é sobre nossa viagem de carro de Cascavel-PR ao norte da Argentina em janeiro de 2025 com nosso cãozinho Lupe, que estava com Alzheimer.
Antes de contar como foi a aventura, quero explicar porque resolvemos levar nosso cachorrinho, o Lupe, nessa viagem.
O Lupe já era um senhorzinho, com seus 17 anos, e infelizmente ficou doente - ele desenvolveu algo como Alzheimer. O que notávamos era que ele alternava entre um sono tranquilo e longos períodos em que ficava andando em círculos sem parar. Isso exigia cuidados 24 horas por dia. Precisávamos acompanhar de perto o tempo em que ele ficava andando em círculos, para evitar que se cansasse demais, e depois colocá-lo para descansar.
Tínhamos uma viagem marcada para o Equador, com roteiro pronto, passagens compradas. Mas, com a doença dele, decidimos desistir. Perdemos as passagens (sem reembolso), mas não queríamos ficar sem viajar. A gente acabou encontrando uma solução que foi viajar de carro até o Norte da Argentina. Eu já tinha um roteiro prontinho guardado, feito há algum tempo. Nem pensávamos em ir para lá neste momento, não era o próximo destino da nossa lista, mas, como o roteiro já estava montado e permitia que o Lupe fosse junto, colocamos tudo em ação.
No blog tem muitos outros posts com dicas sobre o Norte da Argentina e Atacama - se você quiser ler todos, é só clicar aqui e começar a planejar!
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| viagem de carro de Foz do Iguaçu ao Norte da Argentina com cachorro |
Viagem de carro de Foz do Iguaçu ao Norte da Argentina com cachorro
Começamos pesquisando toda a documentação exigida para entrar na Argentina com nosso companheiro.
O 1º passo foi levar o Lupe ao veterinário para emitir o atestado de saúde, declarando que ele estava apto para viajar. Também conferimos a vacina antirrábica, que precisa estar válida e aplicada entre 30 dias e 1 ano antes da viagem (é obrigatório levar o comprovante original), tem que dar vermífugo interno e externo.
Após isso, você precisa pedir o CVI – Certificado de Vacinação Internacional.
Obs: você vai precisar do atestado de saúde e da foto da carteira de vacinação (capa e páginas das vacinas), tudo assinado digitalmente pelo veterinário.
Após estar com o CVI em mãos (impresso), fomos à Foz do Iguaçu, na Unidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a validação final.
Em Foz, o endereço é: Rua Padre Bernardo Plate, 1170 - Jardim Polo Centro, Foz do Iguaçu - PR, 85863-719 (localização no Google Maps).
Dica importante: esse posto não abre nos fins de semana e é OBRIGATÓRIO carimbar o CVI impresso. Então você precisa pegar o documento em um dia de semana. Essa informação realmente pode salvar sua viagem.
Outros documentos necessários além do CVI: documento de identidade válido e Carta Verde.
Como fomos de carro, levamos também os itens obrigatórios que a Argentina exige: 02 triângulos, extintor, cambão ou cabo rígido para reboque (1,5 m a 2 m), colete reflexivo e kit de primeiros socorros.
1º Dia da Viagem
E lá fomos nós, com toda a documentação em mãos, atravessar a fronteira entre Foz do Iguaçu e a Argentina. Era 28 de dezembro de 2024, pleno movimento de fim de ano, então a fila estava gigantesca. Levamos cerca de 2hs para conseguir entrar no país. Apesar da espera, o processo em si foi bem tranquilo - apresentamos os documentos do Lupe na aduana e fomos liberados sem qualquer complicação.
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| fila para entrar na Argentina |
Logo depois de entrar na Argentina, aproveitamos para abastecer o carro, já que o combustível costuma ter um valor mais baixo por lá. Colocamos 46 litros e pagamos 56 mil pesos, o que equivalia, na cotação do dia, a cerca de R$ 270,00. Vale a pena encher o tanque logo na chegada, pois as distâncias no Norte Argentino são longas e nem sempre há postos em todos os trechos.
Depois seguimos para Puerto Iguazú para fazer o câmbio. Optamos pela Western Union, que costuma oferecer uma cotação muito vantajosa para quem está viajando. A agência onde fomos fica na Calle Bonpland 59, N3370, e o atendimento foi rápido. Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 8hs às 19hs, sábado das 8hs às 13hs, domingo fechado.
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| local onde fizemos o câmbio |
Dica importante: se estiver viajando de carro e planejando subir até o Norte da Argentina, faça o câmbio logo em Puerto Iguazú. Depois, em cidades pequenas, a oferta de casas de câmbio é limitada e a cotação tende a ser pior.
Com o tanque abastecido e os pesos na carteira, a viagem tinha realmente começado.
Nessa viagem, sempre que possível, optamos por ficar em Airbnbs por causa do Lupe. Encontramos bastante dificuldade para achar hospedagens pet friendly, mas, com muita paciência e pesquisa, acabamos conseguindo boas opções.
E já antecipando: dicas de restaurantes eu vou ficar devendo. Como comentei, o Lupe precisava de cuidados 24hs e não podia ficar sozinho, então nem cogitamos sair para restaurantes sem ele.
Nossa 1ª parada foi na cidade de Posadas, na Argentina, que tem cerca de 380 mil habitantes. Ela não é considerada um destino turístico, porém escolhemos dormir ali por estratégia, para avançar rumo ao Norte da Argentina nos dias seguintes. A cidade fica a cerca de 4h30min de Foz do Iguaçu. Chegamos por volta das 17hs e seguimos direto para o Airbnb, que funcionava com auto check-in. O local era super bem localizado, a poucos minutos da orla Costanera, fizemos a reserva pelo Booking e o nome do lugar é Regia Haus - Villa Sarita II. Recomendamos!
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| apartamento bem completo com cozinha |
E, mesmo não sendo uma área tão turística, decidimos ir até a orla para conhecer. A orla é bonita e bem movimentada, e dali dá para ver a ponte que liga a Argentina ao Paraguai. No local também encontramos a escultura de Andresito Guazurarí, um dos primeiros líderes guaranis que lutou pela independência e pelos direitos do seu povo no século XIX, sendo considerado um herói na região. A escultura, feita em aço, fica posicionada às margens do rio Paraná, simbolizando a força e a resistência da comunidade guarani.
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| escultura de Andresito Guazurarí, Posadas |
2º Dia da Viagem
Saímos de Posadas em direção ao nosso próximo destino, Pampa de Los Guanacos e, depois de percorrer 300Km, fizemos uma parada para abastecer. E foi aí que começou o 1º perrengue da viagem. Afinal, toda viagem tem um, e o nosso chegou cedo. Abastecemos e, ao tentar ligar o carro, o motor simplesmente não respondeu. Passamos a tarde inteira tentando encontrar alguém que pudesse nos ajudar. As horas foram passando sem solução, porém preferimos olhar o lado positivo. Poderíamos ter ficado parados em algum trecho isolado da estrada, só que tivemos a sorte de estar em um posto com ótima estrutura, mesas na sombra e uma área de gramado ao redor. Isso facilitou muito ficar ali com o Lupe. Foi realmente um alívio.
No fim da tarde, finalmente apareceu alguém que conseguiu levar nosso carro até a pequena cidade de Paso de la Patria, com cerca de 6.383 habitantes. Ali enfrentamos outro desafio: encontrar hospedagem que aceitasse pet. Não foi fácil, porém conseguimos. Ao chegar, fomos recebidos pela anfitriã, que comentou que tivemos sorte, pois o lugar costuma estar sempre reservado. A hospedagem era uma cabaninha muito fofa, simples, limpinha e confortável. Reservamos pelo Booking e o nome do local é Casita de Maria.
3º Dia da Viagem
No 3º dia, não conseguimos seguir viagem, pois o carro só ficaria pronto no dia seguinte. Então resolvemos aproveitar para conhecer a pitoresca cidade onde estávamos. Algo que chamou muita atenção foi o fato de não vermos asfalto. A cidade inteira parecia ser feita de terra. Saímos para conhecer a orla e passear um pouco com o Lupe. E foi basicamente isso o nosso dia: caminhamos, exploramos a cidade com calma e esperamos o carro ficar pronto.
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| Orla de Paso de la Patria |
4º Dia da Viagem
O carro ficou pronto e demos continuidade à viagem. Já era 31 de dezembro, último dia do ano, e resolvemos seguir até onde conseguíssemos, para compensar os dias parados. Conseguimos chegar a Salta, na Argentina, que era o ponto onde deveríamos ter chegado 2 dias antes. Perdemos 2 diárias do Airbnb, porém isso faz parte.
Fomos direto para o apartamento que havíamos reservado. O lugar era super bem localizado, reservado pelo Booking, e se chama Tierra Alojamientos. Recomendamos.
A garagem foi uma experiência à parte, já que precisávamos colocar o carro dentro de um elevador. Foi nossa 1ª vez fazendo isso e deu aquele friozinho na barriga.
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| apartamento em Salta onde passamos a virada de ano |
Como chegamos quase à noite, muito cansados depois de um dia inteiro na estrada tentando avançar, nossa virada do ano foi assistindo aos fogos da sacada do apartamento, provamos cervejas argentinas e reorganizamos nosso roteiro, agora adaptado aos 2 dias perdidos.
5º Dia da Viagem
Começamos o 1º dia do ano do jeito que mais gostamos: acordando cedinho para explorar um lugar novo. O destino escolhido foi a Cuesta del Obispo, uma das estradas cênicas mais impressionantes da Argentina.
O caminho até lá já é um passeio por si só. Fizemos várias paradas porque simplesmente não dava para seguir direto. A cada curva aparecia uma paisagem diferente.
Eu não estava esperando que fosse tão bonito. Nos surpreendemos demais ao longo do trajeto. Cenários incríveis com cactos gigantes, montanhas avermelhadas, rios cortando o vale e aquela sensação de estrada de filme. A paisagem mudava o tempo todo, como se cada trecho tivesse sido desenhado para deixar a viagem ainda mais especial.
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| pausa no trajeto para apreciar o cenário, entre paredões rochosos e vegetação verde intensa |
A Cuesta del Obispo é considerada uma das estradas mais bonitas do país, e com razão. É cheia de curvas,e sobe até cerca de 3.457m de altitude. Em cada mirante, uma vista diferente e grandiosa. Lá do alto, dava para ver o vale todinho lá embaixo, cercado pelas montanhas enormes. É aquele tipo de lugar que faz a gente parar, respirar fundo e lembrar por que vale tanto a pena viajar.
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| Mirante da Cuesta del Obispo, com o vale lá embaixo |
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| vista da estrada cheia de curvas |
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placa que marca a Cuesta del Obispo |
Dicas importantes para quem pretende conhecer a Cuesta del Obispo:
• Venham com calma, principalmente se não estiverem acostumados com altitude.
• Tragam água, lanchinhos e um agasalho, porque a temperatura lá em cima cai bastante.
• E, claro, tragam uma boa câmera ou celular, porque vocês vão querer registrar cada pedacinho do caminho.
De Salta até o início da Cuesta del Obispo são cerca de 100Km, umas 2 horas. É um trajeto tranquilo, com estrada boa e muitos pontos para parar e curtir a vista.
Depois de explorar a Cuesta del Obispo, seguimos viagem rumo ao Parque Nacional Los Cardones e, de cara, a estrada já mudou totalmente de visual. A paisagem ficou muito parecida com o Deserto do Atacama e a sensação era de estar em outro país. Pelo caminho, vimos algumas vicunhas caminhando tranquilas, um daqueles momentos que deixa a viagem ainda mais especial.
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| Parque Nacional Los Cardones |
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| vicunhas pastando tranquilamente em meio à paisagem árida da região |
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| pausa para registrar a altitude |
Quando chegamos na parte onde os cactos gigantes dominam a estrada, foi impossível não parar. A altitude estava em torno de 3.120m e os cardones enormes criavam um cenário impressionante. Nesse trecho é proibido descer com pets, mas o Lupe estava dormindo e, como os cactos ficam bem ao lado da estrada, conseguimos apreciar o lugar sem problema.
O Parque Nacional Los Cardones fica na província de Salta e é famoso pelas paisagens deslumbrantes e, claro, pelos cardones, os cactos gigantes que dão nome ao parque. Eles podem viver mais de 300 anos e crescem apenas alguns milímetros por ano. Mesmo assim, formam uma imensidão de cactos por todos os lados, um visual que realmente parece saído de um filme. Venta bastante, o que reforça ainda mais aquela atmosfera de natureza selvagem.
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| estrada excelente e bem sinalizada |
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| cardón gigante às margens da estrada, mostrando a grandiosidade típica do Parque Los Cardones |
Opinião sincera: não dá para visitar Salta e deixar Los Cardones de fora. É um daqueles lugares que marcam pela grandiosidade, pela tranquilidade e pela sensação de estar diante de algo único.
Do alto da Cuesta del Obispo até o Parque Nacional Los Cardones foram cerca de 20, 25Km de estrada.
Para seguir até o nosso próximo destino, tivemos que encarar uma estrada de rípio. Foram mais de 3hs nesse trecho, quase sem ver outro carro. A sensação era de estar no meio do nada, com um calor intenso. O trajeto foi cansativo, mas mesmo numa estrada desértica encontramos beleza.
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| estrada de rípio sob sol quente |
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| cardón gigante no deserto |
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| lindas paisagens da estrada |
Depois dessa maratona, chegamos à Quebrada de las Flechas, em Angastaco, na Rota 40, região de Salta. Mais um cenário surreal. O lugar é repleto de formações rochosas impressionantes, que parecem lâminas de pedra apontando para o céu. Essas rochas têm mais de 15 milhões de anos e fazem parte da antiga Formação Angastaco. Toda essa região já foi o fundo de um lago pré-histórico, o que explica os cortes, camadas e formas tão diferentes.
É aquele tipo de paisagem que faz a gente esquecer o cansaço e entender porque a Rota 40 é tão especial.
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| o local é alto, mas bem fácil e rápido de subir |
Do Parque Nacional Los Cardones até a Quebrada de las Flechas foram cerca de 85Km, percorridos em aproximadamente 3hs, por causa da estrada de rípio.
Dica: hoje eu não enfrentaria essa estrada de rípio novamente. Faria diferente: sairia de Salta em direção à Cuesta del Obispo, depois seguiria até o Parque Nacional Los Cardones e voltaria para Salta. No dia seguinte, partiria de Salta para a Quebrada de las Flechas pela Rota 68. E olha que sou aventureira, mas definitivamente não vale o risco. A estrada é toda de rípio mesmo e totalmente deserta. Passava um ou outro carro.
Nossa parada de descanso foi na cidade de San Martín. As opções de hospedagem eram bem limitadas e a maioria delas não aceitava pet. Acabamos ficando em um lugar que, sinceramente, não recomendamos, então não vou deixar o link aqui. Somos bem tranquilos com hospedagem e ficamos em qualquer lugar quando está limpo e organizado, o que não era o caso. Mas, diante da falta de opções naquele dia, foi o que deu para fazer.
De Quebrada de las Flechas até San Martín foram 70Km.
6º Dia da Viagem
Dia do meu aniversário, e para mim não existe presente melhor do que estar viajando. Estar na estrada, descobrindo lugares novos e vivendo histórias diferentes é exatamente o que eu mais amo. É o tipo de presente que nenhuma caixa consegue empacotar.
Saímos de San Martín em direção à Quebrada de las Conchas, e o caminho até lá é um verdadeiro espetáculo da natureza. Que estrada linda. A cada curva surgia um cenário diferente, daqueles que fazem a gente agradecer por estar vivendo aquilo.
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| a estrada já é uma atração à parte |
No percurso vimos algo que nem estava no roteiro, Los Colorados, e claro que decidimos parar para conhecer. E que sorte a nossa, porque muitas vezes as melhores descobertas acontecem quando saímos do planejado.
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| esse local foi um achado, não estava em nosso roteiro |
Mais adiante encontramos o Sendero Los Estratos, uma trilha que leva uns 30min. Estava muito quente e, por causa do Lupe, optamos por não fazer. Mas fica a dica para colocarem no roteiro, porque parece incrível.
Depois de várias paradas para apreciar e fotografar tudo o que encontrávamos pelo caminho, chegamos ao El Anfiteatro, uma das paradas mais famosas da quebrada. No local tinha um músico tocando uma melodia suave, que deixava o ambiente ainda mais mágico. Aquela música ecoando nas paredes gigantes de pedra dava a sensação de estar dentro de uma catedral natural. Também havia algumas barraquinhas com artesanato local.
Recomendo chegar bem cedo. Quando chegamos estava vazio, mas, na hora que fomos embora, começaram a chegar várias excursões.
Depois do El Anfiteatro seguimos para a Garganta del Diablo. Aqui a parada foi rápida, a visita é simples, mas vale conhecer, e então continuamos a viagem de volta em direção a Salta.
De San Martín a Salta foram 197Km.
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| Garganta del Diablo |
Nos hospedamos em outro Airbnb diferente em Salta, também com auto check-in, algo que eu acho maravilhoso pela praticidade.
7º Dia da Viagem
Dia nublado, chovendo, mas mesmo assim pegamos a estrada rumo a Purmamarca, na província de Jujuy, para conhecer o Cerro de los 7 Colores. Foram 2h20min de viagem, o tempo todo sob chuva e, só uns 7min antes de chegarmos, o sol resolveu aparecer. Presente da natureza.
Em Purmamarca fomos direto ao Mirador, uma plataforma perfeita para observar a montanha colorida. As cores que mais vimos foram laranja, verde e lilás, mas dizem que são 7 no total.
A cidade também tem uma feirinha deliciosa na praça central, rodeada por várias bancas de artesanato.
Quem gosta desse tipo de passeio se perde fácil ali. Quanto aos restaurantes, pegamos só um lanche para comer no carro, já que, como comentei, com o Lupe optamos por não entrar em restaurantes.
Mas o dia ainda tinha mais aventura. Seguimos em direção à Cuesta de Lipán. O lugar é bem alto. Eu tenho um pouco de medo, confesso, mas a vontade de conhecer sempre fala mais alto. A Cuesta de Lipán é famosa por suas curvas impressionantes e vistas panorâmicas. São várias subidas em zigue-zague até o ponto mais alto, o Abra de Potrerillos, que fica a 4.170m acima do nível do mar. A cada metro que ganhamos de altitude, a paisagem muda: montanhas, vales, um visual que tira o fôlego, literalmente.
Essa estrada é uma das mais altas da Argentina e conecta a região ao Chile pelo famoso Paso de Jama, rota super importante para o comércio e o turismo. Paramos no mirante mais conhecido, mas estava completamente tomado pela neblina. Não dava para ver nada.
E, por fim, chegamos às Salinas Grandes, um deserto de sal espetacular. Nesse local não podemos entrar sozinhos, é obrigatório ir com um guia local, e sinceramente achei ótimo, porque, além de orientar o trajeto, eles também viram fotógrafos e fazem aquelas fotos bem criativas que todo mundo quer ter.
As Salinas Grandes são um imenso deserto branco a mais de 3.400m de altitude, no coração da província de Jujuy. São uma das maiores planícies de sal do mundo, com mais de 12 mil hectares. Todo esse cenário surgiu a partir de um antigo lago que secou milhões de anos atrás e deixou essa paisagem única. Além de toda a beleza, o lugar também tem importância econômica: dali são extraídos sal e lítio usados em várias indústrias. É fascinante ver como um lugar tão famoso no turismo também tem um papel tão importante no cotidiano.
Estar nas Salinas foi surreal. É tudo branco, infinito, silencioso, e a sensação de tranquilidade é indescritível.
Parece que a gente pisou em outro planeta. A entrada custa 14 mil pesos por carro.
Um dos momentos mais divertidos desse trecho foi tirar fotos criativas. Como o terreno é super plano e o horizonte parece infinito, dá para brincar com perspectiva e criar imagens bem diferentes. É aquele tipo de lugar que desperta a imaginação.
E adivinhem? Para seguir viagem, tivemos que retornar pela Cuesta de Lipán. Na ida, o tempo estava completamente encoberto, zero visibilidade. Mas, na volta, resolvemos parar novamente no mirante e a sorte finalmente virou. O céu abriu e conseguimos tirar a tão famosa foto no mirante, com as curvas lá embaixo.
Por fim, chegamos a Humahuaca, uma cidade bem pequena, com cerca de 11.369 habitantes, daquelas cidades tranquilas.
Nos hospedamos em um lugar simples, mas dava para ver o capricho da anfitriã em cada detalhe. Tudo limpinho, cheiroso e organizado. Como falei antes, para nós isso é o que importa. Pode ser simples, desde que seja limpo. E esse era. Então, sim, recomendamos.
No total, rodamos 250Km nesse dia.
8º Dia da Viagem
Dia de conhecer o Cerro de los 14 Colores - a ideia era subir até o famoso Cerro de los 14 Colores, só que, para chegar lá, pegamos uma estrada de terra totalmente tomada pela neblina. Logo no início já achei tenso, mas seguimos. Quanto mais subíamos, pior ficava. A visibilidade era mínima e a estrada, bem estreita em alguns trechos.
Faltando uns 15min para chegar, eu decidi parar. Já estávamos a mais de 4.000m de altitude, a estrada continuava perigosa e pensei: “Se aqui embaixo já não dá pra ver nada, lá em cima provavelmente também não vamos enxergar as 14 cores”. O Inácio seguiria fácil, mas dessa vez eu arreguei mesmo. Foi a 1ª vez na viagem que desisti de continuar.
Eu amo explorar e conhecer lugares novos, sou sempre a 1ª animada para ir, mas dessa vez o bom senso falou mais alto. Segurança em 1º lugar.
Então decidimos retornar para Salta. No caminho, paramos no Café Arte Guanuco. Além do café, o lugar tem uma loja bem grande de artesanatos locais, daquelas que a gente fica um tempão olhando tudo. Na frente da loja tem várias lhamas, o que deixa o lugar ainda mais fofo, e uma atração que chama a atenção: uma lhama gigante feita de pedra, que funciona como um símbolo de boas-vindas aos visitantes. Uma parada ótima para tomar um café, esticar as pernas e dar uma respirada antes de seguir viagem.
Chegamos em Salta e fomos direto para o Airbnb. Como tivemos que modificar um pouco o roteiro por conta daqueles primeiros dias em que o carro estragou, acabamos ficando sem reservas antecipadas. Durante a viagem, tentamos achar Airbnbs que aceitassem pets, e pensa na dificuldade que foi. Mas algumas pessoas foram indicando contatos de outros anfitriões e, por WhatsApp, conseguimos encontrar um que aceitasse o Lupe. Vou ficar devendo o link desse apartamento porque acabei perdendo o contato. Uma pena, porque seria mais um Airbnb que eu super recomendaria.
De Humahuaca até Salta foram 246Km.
E, no mesmo dia, saímos para conhecer Salta e fomos até a Iglesia San Francisco, que chama atenção de longe pelos tons avermelhados e detalhes dourados. Por fora ela já é impressionante, mas por dentro é ainda mais bonita, com uma decoração bem rica e imagens religiosas.
A igreja é um dos cartões-postais da cidade e foi construída originalmente no século XVII, embora tenha passado por várias reconstruções depois de incêndios. A torre dela é uma das mais altas da América do Sul e é um dos pontos que mais se destacam no centro histórico. Vale muito a visita.
Por ali caminhamos um pouco e aproveitamos para entrar em algumas lojinhas de souvenirs e artesanato que ficam ao redor da igreja, ótimas para fazer as últimas comprinhas de artesanato local.
Depois da visita ao centro histórico, seguimos para o Cerro San Bernardo. Fomos de carro, porque estávamos com o Lupe, mas muita gente prefere subir de teleférico, que sai do Parque San Martín. O trajeto leva cerca de 10min e já rende vistas lindas da cidade.
O Cerro é um dos pontos mais tradicionais de Salta. Ele fica a cerca de 1.400m de altitude e é todo preparado para receber visitantes. Lá em cima você encontra vários mirantes bem distribuídos, jardins super cuidados, lanchonete e até algumas lojinhas.
O clima no topo é bem gostoso, ótimo para caminhar sem pressa. Dá para fazer fotos incríveis da cidade, ver as montanhas ao redor e aproveitar um tempinho para descansar. Muita gente gosta de ir no fim da tarde, quando a luz fica mais bonita.
Para quem vai de carro, o acesso é asfaltado e há estacionamento no alto. Já para quem prefere o teleférico, a experiência é mais turística e oferece uma vista constante enquanto sobe.
No fim, é aquele tipo de passeio que vale colocar no roteiro sem pensar muito. Visual bonito, estrutura boa e uma das melhores vistas de Salta.
9º Dia da Viagem
Chegou o dia de pegar a estrada e começar o retorno para Cascavel-PR.
A rota na Argentina é praticamente uma reta infinita, algo bem diferente das nossas estradas cheias de curvas. Isso deixa a viagem tranquila e com aquele ritmo constante que ajuda bastante quando o trajeto é longo.
Sobre o policiamento, dá para dizer que é bem presente. Desde Puerto Iguazú até Corrientes vimos muitos pontos de parada e fiscalização. Mesmo assim, fomos abordados apenas uma única vez. O que deu para perceber é que, quando viam a placa brasileira, os policiais olhavam rápido, entendiam que éramos turistas e já liberavam a passagem.
Foi um trecho puxado, mas o tipo de estrada, a paisagem aberta e a boa sinalização ajudam muito na sensação de segurança.
Na fronteira de retorno ficamos cerca de 1h na fila dentro do carro. Bem mais rápido do que na ida, quando o tempo de espera foi bem maior.
Sobre viajar com cachorro
Sobre viajar com o nosso cachorrinho Lupe, foi uma das melhores escolhas da vida. Que bom que levamos ele. Três meses depois dessa viagem, ele partiu, e agora ficaram essas lembranças lindas, vivas e fortes, que carregamos com carinho. Ele foi tão bonzinho na viagem, como sempre foi na vida toda. O único “trabalho” que tivemos era o mesmo que já tínhamos em casa, por causa da doença dele.
Como o Inácio dirigia, eu ficava cuidando do Lupe dentro do carro, sempre tentando dar o máximo de conforto. Ele dormia super bem no carro. Já à noite era mais difícil, e aí eu e o Inácio dividíamos os cuidados. Na verdade, o Inácio acabou pegando a parte mais pesada, a madrugada. Eu, cansada do dia todo na estrada, acabava sendo vencida pelo sono, mas ele conseguia ficar acordado para cuidar do Lupe. Como eu já comentei antes, quando o Lupe estava acordado, ele caminhava em círculos sem parar e não conseguia descansar sozinho.
Se deixasse, ficava uma, duas, 3hs rodando. Isso acabava com ele. Então a gente estava sempre de olho, controlando o tempo, tentando fazer ele dormir, dando carinho e segurança. Ele foi muito bem cuidado, tanto quando era saudável quanto depois, na velhice e com a doença.
E deixo aqui uma mensagem para você que pensa em ter um pet: só tenha se tiver certeza de que, se um dia ele precisar de cuidados 24hs, você ou alguém de confiança vai estar ali. Ele me deu amor a vida inteira, por 17 anos, e no final eu agradecia todos os dias por ter disponibilidade para ficar com ele o tempo todo. Eu não consigo imaginar ter que deixá-lo com outra pessoa enquanto eu fosse trabalhar. Ninguém faria o que eu fiz: dia e noite, controlando o tempo, acolhendo, cuidando. Ter um animal de estimação vale muito, porque você só recebe amor de volta. Mas, se um dia ele precisar de você, dedique todo o cuidado possível. E, se você não puder fazer isso, então é melhor não ter um.
Sobre o Norte da Argentina
Sobre o Norte da Argentina, só digo que surpreendeu. As estradas são cênicas, não é só nos pontos turísticos que a paisagem chama atenção. O Norte da Argentina está de parabéns. Uma região linda de dirigir, de parar e admirar, e que merece ser muito mais explorada.
E tudo ficou ainda mais especial porque o Lupe estava com a gente. Viajar com ele foi a certeza de que fizemos o certo: viver momentos que nunca mais voltam.
Fecho essa viagem com 2 certezas: o Norte da Argentina merece estar no roteiro de todo mundo que ama estrada e natureza, e ter um pet é assumir um amor que precisa de cuidado, presença e dedicação até o fim.
O Lupe deixou lembranças lindas nessa viagem, e isso torna tudo ainda mais inesquecível.
Agradeço imensamente à Claudia pelo convite para compartilhar essa história em seu blog.
Para mim, foi emocionante do início ao fim escrever e reviver cada detalhe dessa viagem ao lado do Lupe, que hoje vive para sempre em minha memória e no meu coração.
Um blog ao qual sempre recorri em busca de dicas, agora guarda também um pedacinho de mim, escrito com o coração.
Só gratidão.
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